Poeira de estrelas

A imagem apareceu de supetão, sem aviso nenhum. Era assim. Estrepulias festeiras entre eu e meus amigos, cerveja incluída, numa alegre vila ao estilo europeu. Talvez seja próximo do final de ano.

Não sei quem são os amigos. Não sei se é uma história real ou um filme em que a minha imaginação “robô” me pôs dentro. Talvez seja 2001. Talvez antes. Não sei. Mas eu sei que estou dentro da cena.

A imagem (em movimento) é só isso, um fragmento tão pequeno quanto um papiro egípcio que fosse encontrado só hoje, em pedaço de poucos centímetros.

Mas é uma imagem real, forte, emotiva, e estava perdida na memória há anos. Voltou hoje de manhã, do nada. E faz parte, sim, do meu passado real ou fictício — porque até hoje eu sonho acordado e invento histórias na cabeça.

O melhor, meus caros: eu estava dormindo.

Não foi bem um sonho. Foi naquele ponto onde começa a terminar o sono profundo e vem em algum tempo a vigília. Na primeira noite de sono sob o efeito do novo e poderoso antidepressivo.

Na primeira noite, viram?

Até semana passada eu chorava de vez em quando, de manhã, sozinho no meu kitnet, derrubado de tristeza, pensando em dona Amparo e naquele cretino, o Cecílio. Hoje a lembrança perdida (e reencontrada) me fez chorar de alegria.

Que pena que voltei a ser ateu. Eu teria feito a prece de agradecimento mais bonita que minha cabeça conseguisse inventar.

Isso aconteceu hoje de manhã. Juro pelo amor da minha mãe.

Obrigado, poeira de estrelas.

MUITO OBRIGADO.

Publicado por

Marcus P

Don't believe the hype.

8 comentários em “Poeira de estrelas”

  1. super!!!!!!!!!!!! ei vamos fazer algo junto, eu , uma forma animada e seu roteiro..não necessariamente nesta ordem….esses dias revi a Dupla vida de Véronique, do Kieslowski e me fez repensar nos amigos, os velhos amigos agora, já que o tempo passa…enfim..não sei o que falar mais…ouço pink live in pompeei ..não sei por que? rs

    1. Jeff, eu te acho um grande artista, e fico honrado com o convite para uma parceria. Claro que aceito. Vou mandar uma mensagem para o seu Facebook para tratarmos disso.

      Vou começar a fazer muita resenha de disco e de filme aqui no blog. Ele continua com textos novos em todos os dias úteis.

  2. Marquinho querido,

    Adoro ler os teus textos, vejo em alguns momentos um viver semelhante. Fique bem. Em breve estarei cantando nos bares. As vezes acho que é tudo um sonho e que vou acordar, porque o voltar a cantar era algo tão impossível, tão distante e que tanto me entristecia. Vou te esperar em algum lugar. bjos e saudades.

  3. Marquinho,

    por vezes quedamos perdidos numa imagerie caleidoscópica, feita de reminiscências, daquela substância fellinesca do amarcord (sabes, né? “eu me recordo”). e recordar, já disse Manoel de Barros, é fazer passar de novo pelo coração, re cordis. ler teus textos sempre me foi algo assombroso – porque te acho de uma inteligência assombrosa. mas aqui estás claro e simples, e tocante. projeto falido de humanista? talvez. mas tremendamente humano, isso sim.

    abraços com carinho,

    r

    ps: quando der, passe nA Página Branca!

    1. Puxa, muito linda essa interpretação da palavra “recordar” que o Manuel de Barros citou, Renato.

      E eu fico realmente agradecido pela sua interpretação do estilo do meu novo blog, porque era EXATAMENTE essa a proposta que eu tinha em mente quando o criei.

      Faz um tempão que não passo na Página Branca, meu querido, mas agora estou bem mais disciplinado e acompanharei melhor daqui pra diante. E comentarei, também.

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